É tão bom ter a certeza de que se precisar vai ter sempre uma mão pra me ajudar a levantar, melhor ainda é saber que essa mão é aquela que muitas vezes não se sustenta sozinha e precisa da minha pra levantar, me fazendo importante pra ela também. Que mão desastrada! Vive deixando tanta coisa cair, mesmo sem a influencia do álcool faz besteiras embriagadas e assim, a minha felicidade, nunca esquecendo de ficar ao meu lado, sempre e sempre.
Essa mão não só segura na minha, “que bom”, mas também segura em outra, mão que pertence a uma voz bem fininha, que fica alta quando quer ser ouvida, que fica bem baixinha quando quer ser doce e meiga, uma voz que traz paz, calma e te acorda se precisar.
Meu Deus, essa voz consegue ficar tão alta, tão alta, ela quer que alguém acorde, que alguém se toque, esse alguém que se perde em seus sonhos, que se joga de cabeça em tudo o que quer. Não, se jogar de cabeça nos sonhos não é defeito algum, é uma qualidade, mostra que esse alguém não se rendeu ao mundo e quer fazer as coisas diferentes. Essa mão moreninha e sonhadora, segura naquela mão bem branquinha, mão que pertence a aquela voz fininha, que está segurando também naquela mão desastrada.
De repente aparece uma mão cretina, aquela que te ajuda se precisar, mas também bate na sua cabeça se você faz alguma besteira.
- Acorda!
Senti uma mão batendo na minha cabeça e vi que era aquela voz com sotaque arrastado, a voz que pertence a aquela mão cretina. Então, vi que ela queria segurar a minha mão também, deixei.
Agora eu observo e vejo uma roda composta por uma mão desastrada, uma mão bem branquinha, uma mão bem moreninha, uma mão BEM cretina e a minha. Tá certo que essas mãos seguram outras mãos, “que bom” [2], to vendo a roda crescer cada dia mais, ela vai continuar crescendo sempre se depender de mim.
- Não, não vou largar nunca.
Disse uma voz cantando. Ela largou aquelas mãos sim, mas por pouco tempo, para abraçar a desastrada, a branquinha, a moreninha e a cretina, não perdeu tempo e segurou novamente, uma por uma.